quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Japão, Viela 17: "Acredito no Rap como forma de mudança e revolução"



Com 26 anos de dedicação ao Rap Nacional, Japão, líder do grupo Viela 17, é um dos maiores ativistas do hip-hop nacional. Pensando sempre em novos projetos e voos maiores, o rapper não para de produzir e movimentar a cena. Em entrevista para o Vitrolanews, Japão falou sobre a evolução do hip-hop, mídia, o novo DVD “Japão 26 anos de Rap Nacional”, sobre a carreira, novas promessas do Rap brasiliense.

Vitrolanews- São quase três décadas dedicadas ao Rap, na sua opinião o que mudou do início para cá?Japão - Tenho 26 anos no Rap nacional, 3 anos de Esquadrão Mcs, meu primeiro grupo, 8 anos de GOG e 16 anos de Viela17. Vi muitas coisas acontecerem desde o início, no começo não tínhamos o formato digital, trabalhavamos com o sistema analógico, era tudo muito caro e como o Rap estava surgindo com muita força, a correria era muito grande porque não tínhamos recurso financeiro para produção musical. Cada música tinha que ser bem elaborada e ensaiada, quando tínhamos oportunidade de gravar não podia ter erro, pois estúdios eram pagos por hora e muito caro. Hoje, com a digitalização, conseguimos fazer produções mais baratas e de forma intensa.

"O Rap até hoje é discriminado, temos uma pequena parcela da mídia que relata produções da nossa cultura"


Vitrolanews - O Rap já foi um ritmo discriminado, principalmente por parte da grande imprensa. Hoje já vemos uma mudança significativa, como nomes do Rap nos principais jornais do país. Você acha que isso se deu também por conta de uma mudança de postura das pessoas que fazem a cultura hip-hop? 
Japão - O Rap até hoje é discriminado, temos uma pequena parcela da mídia que relata produções da nossa cultura e a grande mídia pega carona com artistas com maior visibilidade. Não se interessam em estudar nossas reais intenções e a grande maioria conhece a cultura em suas redações. Tivemos um grande avanço mas ainda é pouco tendo em vista que estamos nos quatro cantos do país, com ativistas mudando a realidade de suas comunidades, mesmo invisíveis perante a mídia nacional.

Vitrolanews – Você acha que ainda existe discriminação ao ritmo?
Japão – Sim. Existem artistas que são criados pela grande indústria e que não tiveram histórias relacionadas com comunidades e muito menos com os propósitos da cultura Hip Hop. Temos artistas ligados às grandes marcas e que hoje se preocupam mais com a estética visual do que com a realidade que acontece no país.

Vitrolanews – Como você avalia a postura da imprensa hoje em relação aos artistas que fazem hip-hop?
Japão - A imprensa brasileira baseia a cultura em geral com artistas que são mais acessíveis e de ritmos mais pop, quanto ao Rap temos uma relação sempre de desconfiança. Não tenho contato direto e dificilmente sou procurado pela mídia, salvo trabalho de atenção coletiva ou lançamento de algo. Mas ainda seremos estudados e reprovados. Mas na real, estou pouco preocupado com isso, tenho coisas mais importante para rever.



Vitrolanews – Os artistas também mudaram sua forma de pensar e agir?Japão - É complicado citar outros artistas, mas falando da minha postura tendo em vista as grandes mudanças dos anos 90 ao século XXI, mudei bastante. Mas procuro sempre manter as bases intactas, sou muito tradicional, acredito no Rap como forma de mudança e revolução.

Vitrolanews – Brasília, particularmente a Ceilândia, sempre revelou grandes nomes do Rap para cena nacional (Câmbio Negro, DJ Jamaica, Viela 17). Atualmente tem novos nomes na cena local que você indica como promessa?Japão - Sim, o ciclo artístico do Rap Ceilandense não para. Há cada dia aumenta o número de representantes na cultura do Rap Nacional. Indico como promessa o grupo Sobreviventes de Rua, da Expansão, como um forte representante, mas existem vários como Rafinha Bravoz, Sidnei O Bairrista, que fazem do Rap daqui motivo de orgulho.

Vitrolanews - Fale um pouco sobre o novo DVD. Japão - O DVD foi gravado na Casa do Cantador, na Ceilândia, em novembro do ano passado. Contamos com várias participações especiais de Rapper's e cantoras que se destacam cada vez mais na cena do Rap local e nacional. O lançamento do DVD está previsto para Março/Abril e será o primeiro DVD de Rap Nacional (que tenho conhecimento) que virá com gravação totalmente em 4K (3840 X 2160 pixels). Terá também legendas em 4 idiomas (Português, Francês, Espanhol e Inglês), legenda autodescritiva para deficientes auditivos e cópias em braile para deficientes visuais. E um documentário com depoimento de artistas e ativistas diversos. É um DVD completo com direção do conceituado Leandro G. Moura, produção executiva de Daniela Mara dos Santos, Mixagem e Masterização do DJ Raffa Santoro e será lançado em parceria com a Bagua Records.

"Só teremos êxito em nosso trabalho quando nos profissionalizar. Não conseguiremos bater de frente com o opressor e a mídia agindo como fracos e desorganizados"


Vitrolanews – Além do DVD quais os próximos projetos do Viela 17? Japão - Começamos o ano lançando no dia primeiro de janeiro o Single ‘Entre o amor e o desprezo’, produzido pelo DJ Raffa e com participação especial de Handriell X. Lançaremos o DVD mundialmente e estamos preparando novo álbum (décimo de minha carreira) que contará com boas participações, lançamento de pelo menos dois videoclipes. Além disso, promoveremos o evento Quem é Quem? Expressões culturais Ceilandenses e circularemos com o projeto musical Ceilândia G-Funk.

Vitrolanews – O RAP tem um missão importante no papel de conscientizar os jovens. Qual é a principal mensagem do Japão?
Só teremos êxito em nosso trabalho quando nos profissionalizar. Não conseguiremos bater de frente com o opressor e a mídia descarada agindo como fracos e desorganizados. O lema para esse ano será mais ação e menos conversa. Só assim sairemos vitoriosos. Não percam tempo medindo o esforço de um ativista, se não puder somar para revolução, fique de canto, pois existem trabalhadores a fim de mudança e para concluir tal proeza não iremos parar por nada, partiremos sem freio para a mudança.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Rolling Stones: ainda há muita lenha pra queimar, amigos!

Por Marcus Vinicius Leite
Dez anos depois de pisarem na praia de Copacabana para cerca de dois milhões de pés cravados nas areias, os vovôs dos Rolling Stones, escolheram os cariocas novamente para a abertura da "América Latina Olé", neste sábado, 20, no Estádio Jornalista Mario Filho, vulgo Maracanã.

Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood esbanjam vigor e destilam no palco um set de sucessos clássicos dos mais de cinquenta anos de carreira  como "Gimme shelter, "(I can’t get no) Satisfaction", "Jumpin' Jack Flash", "Sympathy for the devil", "Start me up" e "Miss you". Além de algumas surpresas do vasto repertório pra fã xiita nenhum botar defeito. A chuva, já conhecida como espanta-público dos shows, mais uma vez, cumpriu o seu papel. Isso fez com que o Ultraje a Rigor, escalado como banda de abertura, suasse a camisa para cativar o mais afastado ouvido alheio. Com isso, o enorme espaço dedicado aos mais endinheirados, que representava mais da metade do espaço em frente ao palco até a arquibancada do fundo, ficou vazio.

Com força de hits oitentistas e alguma sobrevida na década de 1990, como a já clássica Inútil e a infalível Sexo!! e a divertida Ciúme, Roger Moreira berrou as ideologias políticas como de costume e tratou o público de maneira hostil, o que deixa claro que, devemos admirar a obra e não suas ideologias. Remota aquela velha máxima de nossos avós: " Artista em fim de feira é assim mesmo, meu filho". O único modo de lidar com o fanatismo ideológico é ignorá-lo e concentrar a atenção em pessoas que têm a mente suficientemente aberta para dar importância a evidências e para o prato principal, ignorando as entradas.


Vestido com calças pretas, camisa preta e camisas de seda, Jagger se valeu da excelente saúde de que gozam os 72 anos evocando excessos do passado de "a maior banda de rock and roll", formada em 1962. Se você chegou até aqui esperando uma novidade, me desculpe. Este texto não traz nada que você já não sabia ou que a wikipédia ou até mesmo o youtube não o façam por ti. Mas, ainda assim, buscarei achar um meio termo entre uma fabulação mínima, porém eficiente, e uma longa, mas não-chata-pra-caramba. Farei de tudo para escrever ao menos 300 nas redes sociais nos próximos dias para descrever o que é vê-los ao vivo.


Dispensarei a linguagem tosca ao me referir aos críticos do pé frio Mick, sem imaginar que, hoje em dia, uma prosaica câmera de vídeo pode ser bem mais eficaz que o mencionado cantor em termos de azar pra quem sabe viralizar nos aplicativos instantâneos. Olharei com grande complacência para jornalistas daqui pra frente pós-show que se entregarem à elaboração de material ficcional quanto ao delírio coletivo de ver os vovôs hoje. E assim, como um guardião da verossimilhança, lançarei mão do recurso "foi bom mesmo".

Usarei com parcimônia o "porra, foi du caralho! Quero mais!" e às vezes, o ponto-e-vírgula; exceto nos casos em que a Gramática o permitir. Fugirei como o diabo da cruz da expressão “ foi ruim por conta de(o)”. Hoje, muitos no Maracanã, buscaram o verdadeiro sentido da palavra metanoia. E , por fim, terei uma atitude civilizada e racional para com os que ficam no nhém-nhém-nhém comparativo de Stones vs Beatles. Amém.


SETLIST:

1. Start Me Up
2. It's Only Rock n' Roll (But I Like It)
3. Tumbling Dice
4. Out of Control
5. Like a Rolling Stone - escolhida pelo público
6. Doom and Gloom
7. Angie
8. Paint it Black
9. Honky Tonk Women
10. You Got The Silver
11. Before They Make Me Run
12. Midnight Rambler
13. Miss You
14. Gimme Shelter
15. Brown Sugar
16. Sympathy for the Devil
17. Jumpin' Jack Flash

Bis:
18. You Can't Always Get What You Want
19. Satisfaction

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Última tour do Black Sabbath pode vir ao Brasil em dezembro


De acordo com o jornal Destak, o Black Sabbath poderá vir ao Brasil em dezembro deste ano com a The End Tour. Segundo informação também veiculada pelo site Wiplash, os shows podem acontecer em São Paulo e outras cidades. As apresentações devem ocorrer no início de dezembro. Datas exatas, cidades e locais ainda serão definidos.