quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Música e montanha russa, tudo a ver

“Sempre sonhei em fazer o som que fosse a cara e então poder chegar em algum lugar, ver a garota sorrir a galera pular, a multidão a me chamar”, com esses versos o vocalista Chorão, do Charlie Brown Jr, descreveu o sonho de dez em cada dez moleques que começam a aprender os primeiros acordes ou batidas. Viver da música, conhecer vários lugares, ser famoso, ganhar grana e ser amado por muitos, esse é o desejo de quem abre mão de tudo para ingressar no universo musical.

De perto, porém, o sonho não tem só bons momentos. Só quem vive ou já viveu na estrada sabe o que significa passar por várias cidades, mas conhecer pouco ou quase nada delas. A vida no showbusiness muitas vezes não vai além da rotina aeroporto, hotel, palco, hotel e estrada de novo. Ok, e o glamour? As groupies? As farras? Isso tem também, claro. Mas seria quase impossível cumprir uma rotina de 15 a 20 shows por mês, durante dez, quinze anos, fazendo uma farra após cada apresentação (há quem conteste). Isso sem contar os altos e baixos. Música, ao contrário do que pode parecer, é um trabalho muito, muito sério. Como qualquer outra profissão requer sacrifícios. Fazer playback, gravar aquela música que a gravadora exigiu apenas para vender mais. Isso sem falar em administrar as brigas internas e o ego, dos próprios músicos ou mesmo empresários.

Na história recente são muitos os exemplos de cantores ou bandas que viveram na montanha russa. Luiz Caldas, aquele mesmo do Fricote (Nega do cabelo duro), estourou em 1985 e criou o axé music. Esquecido pela mídia, até mesmo a baiana, ficou por um tempo no ostracismo até reinventar-se e cair de novo nas graças do povo. O Raimundos, como falei no post anterior, conheceu as agruras do esquecimento com a saída do ex-vocalista. Hoje o grupo está vivo e de volta à cena. O Capital Inicial andou sumido, acabou, voltou, mudou de vocalista, retomou a formação original e ressuscitou de vez após o Acústico MTV (2001).

Entre os gringos há os que resistem ao tempo, ou vivem graças ao passado. Tá aí o A-Ha, Simple Minds e Duran Duran que não nos deixa mentir. O Pearl Jam, logo após o álbum de estreia “TEN”, teve crise de criatividade e quase chegou ao fim devido a pressão da gravadora. O mesmo chegou a acontecer com o Red Hot Chilli Peppers e o Green Day.

Enfim, o caminho para quem quer viver da música é longo e sinuoso, como numa montanha russa, cheia de altos e baixos. Por outro lado muito gratificante quando se consegue equilibrar profissão e prazer, dinheiro e fama. Enfim ser músico não é só para quem quer ou quem tem dinheiro. É para quem tem talento, sorte e estrela.

Post dedicado aos amigos músicos e todos aqueles que lutam para escrever o nome na história da música.

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